domingo, 17 de agosto de 2008

Luz para Todos deve ampliar meta em 50%

Osmar Soares de Campos, para Pnud
Em novembro de 2003, o governo federal estabeleceu uma meta para, em cinco anos, erradicar o que chamou de "exclusão elétrica" em todo Brasil: levar a eletricidade para 2 milhões de residências no meio rural, beneficiando 10 milhões de pessoas. A poucos meses de vencer o prazo e de cumprir o que propôs, o Luz para Todos, como foi batizado o programa, se vê obrigado a ampliar tal meta para poder cumprir o objetivo inicial, uma vez que o universo de pessoas sem energia elétrica era maior do que se imaginava. Neste ano, um decreto do presidente Lula aumentou o prazo de execução do Luz para Todos de 2008 para 2010, ano em que, aproximadamente, 1 milhão de residências além das previstas inicialmente pelo programa devem ter acesso à fonte básica de energia doméstica. Se confirmado esse número — ainda não consolidado pelo governo —, o projeto de levar eletricidade para as regiões remotas do país terá um incremento de 50% sobre o que foi inicialmente planejado, passando para 3 milhões de lares. No total, 15 milhões de pessoas devem ser beneficiadas.
"A meta original tomava como base levantamentos que se tinha conhecimento à época e universalizaria o atendimento no meio rural (...). Com o andar do programa, foi-se observando que novas demandas surgiram. Vamos cumprir a meta de 2 milhões este ano, mas existe uma demanda adicional, que levou o programa a ser prorrogado até 2010 ", afirma o arquitato Aurélio Pavão de Farias, responsável Coordenação da Região Norte do Luz para Todos. Para cumprir o objetivo estipulado em 2003, o Luz para Todos precisa ainda chegar a mais 380 mil famílias neste ano — ocorreram, nos sete primeiros meses, 175 mil ligações. Hoje, pouco mais de 1,6 milhão de famílias foram atendidas, algo em torno de 8 milhões de pessoas (o país adota cinco integrantes como média para uma família). "Nós estamos fazendo uma série de ações e vamos cumprir este ano a meta de dois milhões de famílias atendidas", promete Farias. A maior parte das ligações que ocorreram até o momento foi de extensão de rede, ou seja, levaram, por meio de cabos, a energia de redes que já existiam para o campo. "Nós procuramos chegar primeiro a quem dispunha de melhores condições", diz Farias. "Há algumas situações de comunidades isoladas, mais para dentro da Amazônia, no Nordeste e no Sul, mas representa muito pouco, por enquanto.
Vamos atender o grosso das famílias mais isoladas nessa nova fase por meio de outras soluções, até por conta do custo de levar energia a elas", acrescenta. "Cada situação merece um projeto específico para elevar o potencial, não só energético, mas também o potencial produtivo das comunidades. Energia solar é uma das alternativas, mas nós temos a biomassa [que usa bagaço de cana ou restos de madeira, por exemplo], baixas quedas d’água… O biodiesel é outra possibilidade", lembra Farias. Estimativas do Luz para Todos apontam que a exclusão elétrica, nessa primeira fase do projeto, estava concentrada na região Nordeste (54%), seguida por Norte (22%) Sudeste (12%), Centro-Oeste (7%) e Sul (5%). Resultados Uma pesquisa realizada pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em 2006, sob a coordenação do Ministério de Minas e Energia, entrevistou 6.543 famílias atendidas pelo programa e revelou que houve um aumento considerável na aquisição de eletrodomésticos nas regiões onde chegou o Luz para Todos. O número de televisores adquiridos, por exemplo, aumentou 44,1%, o que significou a comercialização de mais de 700 mil unidades. Entre os entrevistados, 23,1% afirmaram que pelo menos um dos familiares deixaria o campo caso não tivessem acesso à eletricidade. Levando em consideração o atendimento total de 1,6 milhão de domicílios já realizados no país, esse percentual significa que mais de 370 mil pessoas podem ter permanecido na zona rural por causa das perspectivas oferecidas. Além disso, as obras do Luz para Todos geraram 241 mil empregos diretos e indiretos, de acordo com o programa. Até agora, foram utilizados 569 mil transformadores, 3,7 milhões de postes e 709 mil km de cabos — o equivalente a mais de 17 voltas ao redor da Terra.
O programa tem como incremento as Ações Integradas do projeto Luz para Todos, que contaram com uma parceria entre o PNUD (parceiro no projeto), a USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) e o Ministério de Minas e Energia.
(Pnud)

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