Por Luiz Carlos Porto*
Em pleno Século 21, um automóvel médio desperdiça cerca de 99% da energia consumida, ou seja, do combustível adicionado apenas 1% é efetivamente usado mover um motorista. Apesar de todo aspecto moderno, o automóvel é um dos equipamentos menos eficientes que existem. De fato, a concepção do motor à combustão interna é a mesma do primeiro automóvel, fabricado há mais de 120 anos.
É difícil de acreditar, mas em pleno Século 21, um automóvel médio desperdiça cerca de 99% da energia consumida, ou seja, do combustível adicionado apenas 1% é efetivamente usado para mover um motorista. Mas como isso ocorre? Apenas 1/8 da energia consumida chega às rodas do veículo. O resto é perdido no aquecimento do motor, transmissão, acessórios e quando o automóvel está parado com o motor ligado. E desse 1/8 metade se perde no aquecimento dos pneus e no deslocamento de ar. Portanto, somente cerca de 6% da energia gasta efetivamente acelera o veículo.
Todavia, 95% da massa a ser acelerada é o carro e não o motorista. Assim, apenas cerca de 1% do combustível é usado para movimentar um motorista. É como se de cada R$ 100,00 que colocamos de combustível R$ 99,00 fossem para o lixo. Enquanto o projeto do automóvel não for alterado para reduzir essa imensa ineficiência, através de novas concepções de motores (híbridos, elétricos, à célula de hidrogênio), de melhor aerodinâmica e de materiais mais leves (compostos de carbono, etc.), não há sentido em se falar em combustíveis renováveis, como o etanol. Será só trocar um problema por outro: o excessivo consumo de petróleo pelo excessivo consumo de terra para produzir etanol. Felizmente, algumas ações estão sendo tomadas para romper com essa ineficiência.
Recentemente, a França tomou uma medida importantíssima para incentivar o mercado a produzir veículos mais eficientes e menos poluentes. Os automóveis à venda no país foram classificados de acordo com sua emissão de Gases de Efeito Estufa. Em janeiro de 2008 entrou em vigor uma Lei que impõe um imposto de até 2.600 euros para quem comprar os automóveis mais poluentes.
A mesma Lei dá um bônus de até 1.000 euros para quem comprar os automóveis menos poluentes. Essa legislação dá um grande incentivo econômico para a produção de veículos mais eficientes, fazendo o próprio mercado trabalhar no caminho certo. Nos primeiros quatro meses de vigência da Lei houve um aumento de 43% na venda dos veículos classificados como menos poluentes. Tomara que esse tipo de imposto ecológico se espalhe mundo afora, e que chegue logo ao Brasil. * Luiz Carlos Porto é engenheiro e diretor técnico da Silva Porto Consultoria Ambiental.
(Instituto Akatu)
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