Hazel Henderson
A Cúpula do G-20, na quinta-feira passada (2/4), em Londres, reconheceu a interdependência do grupo e deu um passo adiante, em direção a uma maior cooperação entre os países, hoje essencial para a reforma financeira global. O G-20 endossou a idéia de construir uma economia flexível, sustentável e verde.
Faremos a transição para uma infra-estrutura mais limpa, inovadora, eficiente, com tecnologias que ofereçam baixa emissão de carbono.” O G-20 também reafirma seu compromisso de tratar das mudanças climáticas e de chegar num consenso na conferencia da ONU sobre Mudanças Climáticas, em Copenhague, em dezembro de 2009.
Os compromissos assumidos pelos países membros do G-20, de US$5 trilhões, para irrigar a economia global e propiciar um crescimento de 4%, acelerarão a transição para a economia verde.
Mas reformas fundamentais não foram mencionadas, incluindo a necessidade de redefinir a emissão de dinheiro e redesenhar o sistema bancário, hoje baseados em dívida, e a criação de um novo fundo regulador global, já proposto pela China, Rússia, Índia, Brasil e outros membros do G-20 para aliviar os desequilíbrios da excessiva pressão sobre o dólar norte-americano.
Uma reforma mais imediata da representação, com direito a voto, nas diretorias do Banco Mundial e do FMI já é um passo a frente, junto com adicionais US$750 bilhões: com US$250 bilhões para a emissão de um novo Sistema Global de Reservas (Special Drawing Rights -SDRs); US$250 bilhões para suporte ao mercado financeiro; US$100 bilhões de empréstimos adicionais para países em desenvolvimento, como também um adicional de US$1.1 trilhões das vendas de ouro do FMI para concessão de financiamentos para os países mais pobres.
A essência dos acordos do G-20 é ir além da economia “anglo-saxã” tipificada pelo hoje rejeitado “Consenso de Washington”. Muitas novas regras, mais sensatas, foram promulgadas para regular e supervisionar empresas financeiras em todo o mundo, incluindo os hedge funds, novos princípios para pagamento de executivos, regras de contabilidade, agências de classificação de crédito, excessiva alavancagem e restrição à aceitação de riscos excessivos.
As regras para impostos e arbitragem regulatória serão endurecidas e os paraísos fiscais serão nomeados e colocados numa “lista negra.” Porém, a hipocrisia, como relatada pelo professor Jason Sharman, da Universidade Griffith, na Austrália, precisa ser exposta e os estados de Nevada, Delaware e Wyoming, parte dos Estados Unidos da América, assim como os países membros do OECD também precisam ser incluídos nessa “lista negra.”
Nenhuma menção foi feita para a correção do PIB, como proposto pelo Parlamento Europeu, para que ele inclua estatísticas relacionadas com educação, saúde, meio ambiente e pobreza (www.beyond-gdp.eu); como também não foi mencionada a necessidade de incorporar tais fatores ESG nos balanços patrimoniais das empresas e posterior divulgação (www.globalreporting.org).
Hazel Henderson é economista, líder mundial da plataforma Mercado Ético. Autora de vários livros, entre eles Ethical Markets: Growing the Green Economy. Co-criadora do Calvert-Henderson Quality of Life Indicators, juntamente com o Calvert Group. Participou do Comitê Organizador da conferência Beyond GDP no Parlamento Europeu (www.beyond-gdp.eu).
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