Mesmo após ter enviado seu plano de ação para a região, banco continua investindo em projetos controversos
Filippo Cecilio
Contrariando a política que afirmou recentemente ter adotado para a região amazônica, o International Finance Corporatio (IFC), braço do Banco Mundial para o setor privado, está financiando novo empreendimento controverso na região. Serão emprestados R$ 40 milhões para o grupo SLC, grande plantador de soja e algodão em vários estados brasileiros, entre eles Mato Grosso e Maranhão. O dinheiro do empréstimo será utilizado para a compra de mais terras na região norte do país.
De acordo com Mairon Régis, assessor de imprensa do Fórum Carajás - conjunto de entidades que acompanha projetos na região do Carajás (PA) - esse interesse do SLC por novas terras é reflexo do avanço da fronteira agrícola no. "Com o avanço da cana-de-açúcar, chegando a locais que ele já tem terras, o SLC adquire essas novas propriedades e vai acumulando terreno e ampliando sua área de influência", diz.
ParadoxoO que mais chama a atenção nessa história é o comportamento do IFC. Há poucos meses o banco consultou diversas entidades da sociedade civil organizada sobre seu modo de atuação na região da Amazônia Legal brasileira. Criou-se um projeto piloto, colocado em consulta para receber críticas, sugestões, apontamentos e melhoramentos sobre a forma de atuação do banco no financiamento de projetos e atividades do setor privado no território amazônico.
O órgão do Banco Mundial deixa claro sua pretensão de criar um modelo que "orientará o IFC na seleção de novos investimentos e na implementação de um programa integrado de assistência técnica, o qual maximizará o desenvolvimento e o impacto ambiental positivo destes investimentos".
De acordo com Régis, o processo de aprovação do empréstimo pelo banco foi falho. "Em nenhum momento [o IFC]buscou diálogo com as organizações locais e regionais que atuam nas regiões do Maranhão onde provavelmente a empresa fará ofertas. Ainda esperamos que o IFC venha até nós, ele tem essa obrigação", afirma.
O problema MaranhenseEm nota, o Fórum Carajás afirma que a entidade teve acesso a documentos que comprovam que boa parte das fazendas do grupo SLC no estado está assentada em terra pública que foi grilada no ano de 2002 com as anuências do cartório do município de Buriti e do escritório regional do Ibama. "Para comprovar a veracidade da denúncia, na Gleba F da propriedade foi autorizado o desmatamento de todos os seus 888 hectares de Cerrado, sem a averbação em cartório da área do lote ou da área de reserva legal. Outra denúncia diz respeito ao aterramento da nascente do riacho Estrela, tributário do rio Munim, conforme relatos de moradores da região próxima", diz ainda o documento do Fórum. Até o fechamento da matéria, ninguém do IFC foi encontrado para comentar o caso.
Veja Também:
IFC consulta sociedade civil para projeto de investimentos na Amazônia
Data: 07/05/2008Fonte: Amazonia.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário