Por Redação Akatu No começo de abril chegou ao País a primeira alternativa para certificação de empreendimentos sustentáveis com adaptações às condições brasileiras. Coordenado pela Fundação Vanzolini, o selo Aqua (Alta Qualidade Ambiental) fará companhia ao Leed (Liderança em Energia e Desenho Ambiental, sigla em inglês), um selo americano já aplicado no Brasil. Ambos definem pré-requisitos e processos que devem ser atendidos pela obra, mas a principal diferença é que o Aqua trabalha com auditorias e não só com documentos, além de ter passado por ajustes à realidade brasileira.
“As adaptações foram feitas em função dos materiais usados pela construção brasileira, do nosso clima e do nosso tipo de energia”, informa Manuel Martins, diretor da Fundação Vanzolini. Entre as alterações, uma maior ênfase em canteiros de obras com baixo impacto ambiental e na gestão dos resíduos provenientes da construção, porque as obras brasileiras apresentam alta perda e desperdício de materiais. De acordo com Martins, são 14 os critérios analisados. Em cada um deles a construção recebe uma qualificação – bom, superior ou excelente. Para obter o selo, a obra tem que ser avaliada como excelente em, no mínimo, três quesitos e como superior em, no mínimo, quatro.
Alguns dos critérios compreendem a relação da construção com o seu entorno, a gestão da água, da energia e dos resíduos de uso e operação da edificação, o conforto higrotérmico (relativo à umidade e à temperatura), acústico e visual e a qualidade sanitária dos ambientes da construção, bem como a qualidade da água e do ar. O diretor da Fundação Vanzolini explica ainda que o processo de certificação se divide em três etapas. A primeira acontece a partir do planejamento da construção, quando são feitas discussões com os auditores do programa. Na fase do projeto, os auditores se asseguram das características acertadas previamente. Terminada a obra, uma terceira auditoria é feita para checar a realização do projeto. É, assim, uma certificação com viés mais conceitual, pelo acompanhamento do projeto por auditores e pela possibilidade de discussão sobre as tecnologias empregadas ao longo do processo. “O empreendedor também participa das auditorias”, diz Martins, que acredita que o custo geral de uma construção certificada ficará entre 1% e 5% mais caro do que as normais. “Ainda não sabemos se esse custo será repassado para o comprador, pois ainda não há no Brasil nenhuma construção certificada com o selo Aqua”, afirma. “O primeiro projeto piloto é um resort em Pernambuco que está sendo erguido”, diz o diretor. Segundo ele, mesmo que o comprador pague um pouco mais, a estimativa é que em dois anos esse valor seja recuperado pela economia de água, energia e pela duração dos materiais. Em um primeiro momento, o selo será válido apenas para empreendimentos comerciais. Em breve, a Fundação Vanzolini deve assinar um contrato com a Qualitel, associação que faz parte da francesa CTBS (Centro Tecnológico para Edificações Sustentáveis, sigla em francês), criadora do selo Aqua, para começar a certificar construções residenciais. Martins explica também que há um projeto em andamento liderado pela organização não-governamental GEA (Aliança Ambiental Global, na sigla em inglês) cujo objetivo é elaborar um modelo universal para construções verdes.
Já são 22 países interessados em participar e cada certificadora local tem a tarefa de sugerir modificações e harmonizações das regras de certificações para a realidade de seu país. A idéia é que a espinha dorsal do modelo seja comum, mas com flexibilidade para interpretações locais.
(Envolverde/Instituto Akatu)
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