Por Sabrina Craide, da Agência Brasil
A forma como o Brasil desenvolve e usa os biocombustíveis deve ser seguida por outros países, na avaliação do diretor-geral da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Onudi), Kandeh Yumkella. Natural de Serra Leoa, ele atua na sede da Onudi em Viena, na Áustria, e passou quatro dias em Foz do Iguaçu para participar do Fórum Global de Energias Renováveis. Em entrevista à Agência Brasil, Yumkella disse que é preciso ter cuidado para não generalizar a análise sobre os efeitos dos biocombustíveis na produção de alimentos. Segundo ele, cada país deve observar a sua realidade, levando em conta a sustentabilidade da produção de alimentos. “Esse é o tipo de diálogo aberto que devemos ter, em vez de acreditar que todas as formas de bioenergia são ruins, que é um perigo para a comida, não é verdade”, disse.
Ele acredita que exista relação entre a produção de bioenergia e o preço dos alimentos, mas afirma que o Brasil encontrou formas de fazer um balanço entre os estoques e a produção de combustíveis, além de prestar atenção nos impactos ambientais. “Este é o modelo para o qual devemos olhar. Vocês sempre investiram em produção de alimentos e agronegócios ao mesmo tempo em que estavam desenvolvendo o setor de bioenergia.
O modelo de vocês foi muito eficaz”, afirma. Para Yumkella, o Brasil pode ajudar outros países com experiência e treinamento na área de energias renováveis e o conhecimento brasileiro neste setor poderia ser explorado economicamente.
“O Brasil deveria ver alguns países da América Latina e da África como lugares nos quais é possível aplicar algumas dessas idéias comercialmente”, disse. Yumkella disse que saiu “inspirado e encorajado” do Fórum Global de Energias Renováveis, por ver que existem muitas possibilidades e que vários países já têm planos nesta área. Ele defende, no entanto, que os governos invistam mais neste setor para que as pesquisas sejam melhor desenvolvidas e, em conseqüência, haja uma redução nos preços. Ele destacou a forma como o Brasil integra a produção de energias renováveis com a comunidade agrícola e disse que os investimentos feitos para o desenvolvimento do etanol poderiam ser estendidos para outras fontes, como a biomassa.
(Envolverde/Agência Brasil)
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