Estudo realizado pela Universidade de São Paulo projeta um futuro ambiental otimista para Brasil e Rússia. Resto do mundo terá saldo ambiental devedor
O Brasil e a Rússia são os únicos países do mundo que projetam saldos positivos resultantes da combinação entre o crescimento da economia e a conservação dos recursos naturais para 2050. O dado consta do estudo “Balanço das Nações: uma reflexão sobre o cenário das mudanças climáticas”, realizado pela Universidade de São Paulo (USP).
No caso brasileiro, investimentos em matrizes energéticas mais limpas e a abundância de florestas conferem o crédito positivo de 544 bilhões de dólares, o que garante ao país condições melhores para enfrentar as mudanças climáticas e mais oportunidades de negócios. O estudo foi apresentado durante o evento “Amazônia - Dilemas e Oportunidades”, promovido pela Câmara Americana de Comércio (Amcham), em São Paulo.
“Trata-se do excedente de créditos de carbono em relação ao que se polui. O valor é positivo graças às florestas brasileiras, especialmente à Amazônia”, afirma José Roberto Kassai, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA/USP) e coordenador da pesquisa. Uma situação privilegiada, segundo o professor, que precisa ser levada em conta pelos brasileiros: “é dela que dependemos, é nossa maior riqueza”.
Baseada na metodologia básica de contabilidade empresarial, o estudo avaliou os excedentes de sete países (Brasil, Rússia, Índia, China, Estados Unidos, Alemanha e Japão) até 2050. A análise envolveu seis pesquisadores da Universidade de áreas que vão de contabilidade a biologia.
Cenário preocupante
Os números projetados para o Brasil e Rússia são uma exceção no cenário mundial, pois o resto do mundo apresenta um déficit de mais de 15 trilhões de dólares por ano. “O balanço planetário aponta um patrimônio líquido negativo de cerca de dois mil dólares anuais para cada um dos mais de seis bilhões de habitantes, ou seja, eles não terão renda insuficiente para honrar seus compromissos com a preservação do meio ambiente, o que colocará a necessidade de redução das emissões ou negociação de créditos de carbono de outras nações”, explica Kassai.
Para Kassai, as situações privilegiadas do Brasil e da Rússia não serão suficientes para suportar o cenário geral, pois, juntos, os dois países representam menos de 5% do déficit total. “É fundamental que países como os Estados Unidos e a China comecem a tomar medidas concretas para diminuir as emissões”, diz Kassai.
O Estudo
A amostra considerada para o estudo incluiu sete países de grande relevância no mundo moderno. Juntos, eles representam 32% da área emersa do planeta, 50% da população mundial e 68% do Produto Interno Bruto (PIB) global. Os cenários futuros relativos ao meio ambiente empregados no levantamento são os gerados pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU).
A grande inovação do estudo foi a metodologia usada: através da equação básica da contabilidade empresarial, os pesquisadores calcularam o patrimônio líquido ambiental de cada país, buscando saber o custo do crescimento econômico em relação à preservação e manutenção dos recursos naturais. No cálculo, entraram variáveis como o PIB, o consumo médio de energia da população per capita de cada país, suas reservas florestais e matriz energética.
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